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Outra viagem |
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Só aqui o primeiro índio abatido também |
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No trabalho |
UMA HISTÓRIA DO PERU
Mais
uma vez estava eu em Ibicaraí, sul da Bahia, minha cidade natal, aproveitando
umas férias da escola e como sempre aprontando com a turma local, que eram
amigos de infância e que mais pareciam “os mosqueteiros”, caçando lua e
procurando arte. A turma sempre junta, jogando conversa fora, flertando com as
gatas, falando da vida dos outros que é de praxe no interior e curtindo
músicas, principalmente Roberto, Erasmo, Caetano, e os hits internacionais da
época, (Bee Gees, Creedence, Beatles...) com uma vitrola de pilha daquelas que
a tampa era a caixa de som e sempre estava a postos para uma serenata e aquelas
noitadas nos bancos da praça, que às vezes se estendiam até no Cemitério local, só prá dar o que falar
no outro dia.
Bem!!!
Minha tia possuía uma fazenda de cacau com algumas cabeças de gado e também
alguns cavalos, os quais eram a maior glória para a turma quando tínhamos que
amansar algum potro no curral ou sair pela fazenda em busca de alguma vaca ou
bezerro desgarrado e nesse caso a montaria era uma questão de vida ou morte
para nós jovens, a ponto de ficarmos a maior parte do tempo na fazenda e nos
aventurar na cidade nas noites de sexta e sábado para uma festa, ou nas baladas
do clube para curtir a banda local que faziam uma imitação de bandas famosas (hoje
é cover), ou ainda com as bandas Os Lords e Mick Five, além de um rolé pela
city.
Nessa
temporada, eu e meu primo Jorge começamos a namorar duas irmãs, (Helena e Lilian) cujo pai era
dono de uma lanchonete, e digo a vocês: como era gostoso o namoro de jovens,
como era doce o beijo, a sacanagem e o encontro na praça para ficar horas
rodando pelo jardim e aproveitar para um beijo furtivo e uns amasso
inesquecíveis que ficaram na história e para sempre na lembrança. Por outro
lado, a galera, ou melhor, os mosqueteiros, eram eu, Nanado (black Nana), Paulo
(Forró), Rodolfo, Péricles (bostinha) e Carlinho... sitam os nomes das
figuras que eram conhecidos na cidade dessa forma e dentre nós, o personagem
mais destacado era o Paulo Forró,
Gordinho, baixinho, branquinho, sarnento e todo cheio de onda, e esse nos
proporcionou uma verdadeira cena de cinema pois num belo domingo fomos ver uma
partida de futebol daqueles times “Arranca Toco e Quebra Canela”, e sentados
fora da visão do campo no meio do mato, nos aparece uma perua enorme com uns
cinco filhotes ciscando e glu-glu prá lá e glu-glu prá cá, ao tempo em que
nosso amigo Paulo Forró tira uma faca de cozinha quebrada pelo meio e pula na
frente da perua, que assustada abre o rabo, abre as assas e se coloca na frente dos filhotes para
proteger as crias e nosso amigo nos diz: vou pegar essa bichona...
-
Pensem na gargalhada geral e na crise de risos da galera ao ver aquela figura
travando a perua e que de repente entra em luta corporal com o animal e sai
rolando ladeira abaixo e cai dentro dos matos agarrado nela, os filhotes
atrás e nós numa crise de risos sem precedentes, que levava Forró a enfeitar
mais ainda a cena, socando a bicha, para finalmente ele se levantar todo
arranhado e dizer: - já era, tá morta a desgraçada.
Caímos
na real e ficamos todos pasmos e sem reagir, pois não era bem o que estávamos
esperando e sem nenhuma reação momentânea, pairou um silêncio seguido da
corrida de Nanado espantando os peruzinhos, o que nos levou a acordar:
- E
agora galera???? O que vamos fazer, retruquei...
-
Temos que achar um meio de levar a perua sem levantar suspeita e sair daqui o
mais rápido possível... disse Carlinhos.
Então chegamos a uma
definição depois de cenas de culpas, de medos, de risos, de se esconde aqui, se
esconde ali, finalmente sai o Nanado para buscar um saco a fim transportar a dita
cuja, levar na casa dele para tratar e temperar e agora pensem vocês o que foi
convencer o black Nana a ir em casa, preparar a perua para assar e ainda
convencer a mãe de que a perua era da fazenda e foi um presente para o aniversário
de Paulo forró e o pior ainda foi pedir
a uma amiga (Léa) cujo pai era dono da padaria, para assar a perua no forno.
Vencemos essa etapa e passado esse dilema, seguimos para
nossas casas onde marcamos para nos encontrar mais tarde, desfrutar do “peru
assado” e resultado: fizemos uma seresta das boas onde apareceu gente de todos
os lados, saborearam a suculenta perua e nós éramos risos mil e gargalhada
geral.
No outro dia eu e o primo Jorge fomos para a fazenda a
fim de tirar a cara da tela e sumir do resultado da descoberta da ”Farra da Perua”
e enquanto curtíamos a paisagem bucólica, os animais e os afazeres da roça,
para nossa felicidade, aparecem as namoradas que vieram de bicicleta e aí o
bicho pegou; podem imaginar na felicidade nossa em ver as meninas loucas por um
romance o que nos levou a abraços e beijos apaixonados, e nisso nos separamos e
fomos para o armazém da Barcaça (local onde se coloca o cacau para secar) e nos
deitamos sobre o cacau seco e este caroços grudavam em nossos corpos suados e
nos embriagávamos com aquele cheiro, com aquele ambiente sombrio e compondo
este ambiente surgia a silhueta daquele corpo nu, lindo, moreno, perfeito, o
qual eu cheirava e acariciando a beijava, e entre mil carícias eu a penetrava num
frenesi louco fazendo surgir no ar um “cheiro de amor” que invadia o local se
misturando ao cheiro do cacau nos levava a um gozo espetacular, para finalizar
em beijos e abraços e despedidas, vendo-as nas bicicletas retornando para a
cidade.
Dois dias depois voltei para
Salvador e guardo na lembrança essa passagem louca de uma das férias na
minha cidade natal e esperando que alguns dos amigos a leiam e se lembrem dessa
história.
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