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Vendo Stella do avião |
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Lá vou eu mais uma vez |
UMA OUTRA HISTÓRIA DE HYPPE
E
essa história começa no verão de 1969 entrando em 1970, quando o movimento
hyppe ganha força pelo mundo e como já falei em uma outra história, não seria
diferente na Bahia dos “Os Doces Bárbaros” Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal
Costa, Maria Bethânia criadores do Tropicalismo que foi um movimento musical
que contribuiu para que os jovens brasileiros dessem um grito de liberdade e
então houve um disbunde total, uma verdadeira corrida a liberdade de expressão e bla, bla,
bla...
Aproveitando
esse verão eu e Ivo, um amigo da Vila Laura no bairro de Brotas, onde
morávamos, fomos parar em Arembepe, uma vila de pescadores e um local
paradisíaco no litoral norte de Salvador que se tornou um dos locais favoritos
da malucada do mundo todo e que por incrível que pareça até hoje ainda resiste
uma aldeia hyppe. Esse foi um verão especial para nós porque minha família
havia alugado uma casa em Arembepe para passar o verão e logo descobriram que
não foi uma boa coisa, pois não havia água encanada e nem eletricidade, fazendo-se
necessário o uso de velas ou fifó e a água além de ser de cisterna tinha que
ser bombeada manualmente, e como eu e Ivo nunca estávamos em casa, então da
para imaginar o desafio para as mulheres fazerem esse trabalho. Começamos a nos
enturmar com um grupo local e logo já estávamos formando uma banda, tendo o Giba
que era o violeiro local, bigode se juntou com um bandolim, o gaúcho com um
timbau, Ivo com um chocalho e reco-reco além de fazer voz comigo e eu cantava e
enrolava com outra viola e era tão bacana e afinados a ponto de pensarem que
nós éramos os Novos Baianos (banda
baiana com Moraes, Pepeu, Baby, Galvão e outros) e nisso era um tal de Preta
Pretinha pra lá e Preta Pretinha pra cá e tome-lhe som. Nessa onda nós não
tínhamos hora e nem local para dormir, acordar, namorar e etc., pois as praias,
a vila e os bares eram cheios e nós entrávamos, nos encostando no balcão, pedia
uma ou duas cervejas (grana contada) e jogava um “Preta Pretinha”...
-
Enquanto eu corria assim eu ia...
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Janis Joplin estava lá |
-
lhe chamar, enquanto corria a barca...
-
Por minha cabeça não passava, só, somente só...
E pronto, tava armada a arapuca bastando o som
acabar para ver espanhol, italiano, francês e gringos de todo tipo numa só voz:
-
please man, not stop the music!!!!!!
Ao
tempo em que eu arranhava um inglês respondendo: sorry my inglês my friend not
have Money for more beer...
Nisso
se ouvia vozes como um coral dirigindo-se ao dono do bar:
-
Please man... beer for the band.
E
nessa não dava outra onde até o dono do bar já entendia e colocava o engradado
do nosso lado e o pau comia, tome-lhe
som, e nisso nós cantávamos:
-
Nêga, nêga, nêga de Obaluaê...
-
Essa nêga tá querendo, nêga...
–
Querendo me conquistar, nêga... perto dela sou criança...
E
tudo isso a ponto do sol raiar e o dia nascer feliz, o bar cheio sem que as pessoas quisessem se dispersar
ou sair ou ir embora e quando já era dia bem claro saíamos e indo rumo a praia onde
debaixo dos coqueiros parávamos para tirar um cochilo.
Com
pouco tempo minhas tias não aguentaram o batido e voltaram para Salvador e nós,
claro, ficamos na casa e para comemorar fizemos uma festa que até hoje eu não sei como deu certo e de
onde apareceu tanta gente nem como coube aquela quantidade dentro da casa, como
também naquela Babel as pessoas conseguiam se entender já que parecia ter um de
cada país do mundo, se bem que dias antes saímos fazendo a famosa “vaquinha”
entre os gringos que foi crucial para o desenrolar do encontro e finalmente tudo
deu certo, varando a noite com Pink Floyd, Leed Zeppelin, Bob Dylan e Caetano
Veloso e Novos Baianos e haja cervejas e Vodka e conhaque, e vendo a pobre radiola repetir o mesmo vinil, quando vez por
outra um esbarrava nela e começava tudo de novo. Brincadeira à parte me aparece
uma americana gorda com um rosto de artista de cinema, mais gorda, muito gorda
e se apaixonou por mim e agora imagine eu magrinho com aquela gorda me
abraçando, apalpando minhas partes íntimas e num repente já estava procurando
um lugar para um colóquio amoroso e resolvemos entrar no barraco vizinho e como
não conseguimos abrir a porta tentamos a janela e ao empurrar e abrir aparece
um espanhol tipo gringo mesmo, alto, bem claro, olhos azuis e com uma nativa,
baixinha, bem negra, o cabelo era uma verdadeira bucha de Bombril e vendo nosso
intuito nos seguiu pulando a janela primeiro para depois sua pequena e quando a
minha linda “gorda” se precipitou e tentou passar pela estreita janela, empacou
nela sem conseguir sair e mesmo com a ajuda do espanhol na parte de dentro e eu
do lado de fora não deu e digo a vocês foi uma crise de risos sem precedente
acabando em tira-la toda arranhada e deixando o sexo para depois.
Voltando
para a festa os amigos havia acertado nossa presença para tocar em um circo que
havia chegado e aceitamos de cara e no outro dia fomos ver o tal circo que nada
mais era do que um casal em uma casa com um menino e que juntos faziam uma
performance muito louca e quando chegamos mau pudemos entrar, não só pelo
tamanho pequeno da porta, quanto pelas pessoas que já se encontravam dentro e
nós chegamos na sala que era onde acontecia o circo, nos encostamos em uma mesa
reservada para nós e começamos a nos arrumar quando o cara nos pediu para levar
um ritmo tipo rumba ou merengue, coisas desse tipo e nesse embalo começamos a enganar
uma música no estilo quando entra a mulher do cara se requebrando com um
maiô rosa antiguíssimo e nas costas um
laço grande em forma de borboleta e ela se requebrava fazendo essa borboleta
também dançar e a galera foi ao delírio e para completar aparece um aloprado
muito doido que fica se requebrando atrás da mulher numa dança muito doida
quando de repente o marido ou seja lá o que for descontente com aquela cena,
saca de uma arma e no meio da multidão dá um tiro para cima e aí “o bicho
pegou”. Ao ver aquilo, eu e Ivo nos
escondemos debaixo da mesa e não sei como os outros se esconderam e começou a
gritaria, a confusão foi generalizada, e era gente pisada, gente pulando
janela, gente passando pela pequena porta e gente correndo e gritos até que
chegou a polícia para resolver e acalmar os ânimos e nisso com nosso grupo
refeito fomos comentar no bar que é lugar de corno.
Foram
vários acontecimentos engraçados nessa época, desde os namoros nas areias da
praia onde se cavava buracos, nos deitávamos dentro e o couro comia como também
as serenatas na aldeia e nos intervalos das músicas, ficávamos parados dentro
d´água e algumas centenas de peixinhos iam se chegando, começavam a nos morder
e todos aguentavam ao máximo até explodir em gritos frenéticos batendo na água,
além da visita a “Casa do Sol” que era a única edificação de tijolo erguida
sobre as dunas do lugar e não sei como foi construída ali mais sei que na
varanda se reuniam dezenas de pessoas ao som de vários instrumentos se varava a
noite até o amanhecer para se ver o sol nascer e nesse local eu tive a
oportunidade de conhecer a Janis Joplin com alguns integrantes da sua banda.
Foi um tempo bom, uma curtição muito
legal e conheci pessoas legais das quais o bigode que encontrei no dia 2 de
fevereiro na festa do Rio Vermelho uma vez, o Giba fui ver em Arembepe mais
estava pirado, o Ivo faleceu e os outros nunca mais tive notícias.
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Ricardão no tempo do corno |
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Essa é velha |
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Esse era o banho |
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Hyppe de Maverick
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