quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

UMA HISTÓRIA DE HYPPE 2

No Mercado Modelo

Na festa do Bonfim teve japonês no samba











Um pedaço de Salvador
UMA HISTÓRIA DE HYPPE

            Quando aconteceu a Tropicália que foi um movimento musical, social, político e tudo mais, capitaneado por Caetano Veloso, Gilberto Gil, João Gilberto, Os Mutantes, Tom Zé, Maria Bethânia, Gal Costa e alguns intelectuais da época, contribuiu para fazer a cabeça dos jovens brasileiros, que vinham de um processo repressivo em vários aspectos como a imposição da ditadura pelo exército brasileiro, a cultura religiosa mais rígida aliada ao conservadorismo da própria sociedade, os quais receberam esse movimento como um tiro de canhão, e que veio a  contribuir para a explosão da juventude em busca de liberdade de expressão, em busca do novo, em busca da liberdade sexual, do amor, do Rock’nRoll que era o ritmo da música americana que mostrava ao mundo o poder jovem, a liberdade do corpo, a liberdade da mente em busca de novas ideias e o grito de Paz e Amor contra as guerras, principalmente a do Vietnam que escandalizava o mundo com o uso do Napalm e as atrocidades contra crianças e mulheres e que fez surgir nos Estados Unidos o movimento hyppe que transformou boa parte do mundo.
Bem!!! Como o movimento hyppe se espalhou pelo planeta, pode se dizer, não poderia deixar de ser diferente na Bahia do acarajé, de Caetano, de Gil, de Maria Bethânia e Gal, dos festivais do Colégio Severino Vieira, das Olimpíadas da Primavera, da Baixa dos Sapateiros, onde nessa época, eu e Raimundo (Duiu) dois amigos inseparáveis, estavam vivendo a explosão do novo, dos cabelos longos, dos irmãos e parentes envolvidos na política, das passeatas na Barroquinha com os cachorros correndo atrás da gente, da calça Lee que era o símbolo do jovem e da rebeldia da época e que era um verdadeiro sacrifício para se conseguir uma, pois tínhamos que seguir até aos armazéns das docas na cidade baixa, mirar o vendedor, passar por ele, saber o valor, informar o número desejado, esperar o dito cujo voltar com a mercadoria e ficar esperto, pois muitos levaram jornal ou capim enrolado e assim que ele aparecia pegava-se o pacote, botava debaixo do braço e se picava já que polícia, os “homes”, estava sempre a espreita e a qualquer momento um de nós poderia ser a vítima.    
Nessa onda é que nós entramos na brincadeira, pois resolvemos ser igual aos outros, partir sem rumo, ser hyppe também e, como ser tudo isso sem os equipamentos necessários, sem os apetrechos para uma viagem, como zarpar sem mochila, sem cantil, sem barraca, sem o material para se preparar um artesanato a fim de se conseguir uma grana, como ser andarilho, como ser hyppe que era a questão; Foi nessa ideia que resolvemos pedir no Quartel do Exército e não deu outra. Seguimos para o Quartel cheios de medo, de dúvidas, de ideias, de frases e muito mais, até chegarmos lá, nos apresentarmos na sentinela, falar do nosso desejo tremendo que nem vara verde, ao tempo em que o militar nos encaminhou para a área interna e ficamos aguardando até chegar um oficial que nos levou para o objetivo e aí que foi o processo e não te digo nada...
 Paramos em uma sala repleta de armas de todo tipo com um negão 2 por 2 (na minha época podia dizer “negão”, “amarelo”, “careca”, “gordo” e nada disso tinha conotação racista), e este sem camisa, só com a calça do exército, lubrificando um fuzil, suando igual a cuscuz, nos olhou de cima a baixo, mirou aquelas duas figuras franzinas e perguntou:
- O que vocês querem????
E eu prontamente respondi: Somos escoteiros “Lobinhos do Mar” e vamos acampar com o grupo e queremos ver se podemos levar emprestado umas mochilas...  
- O cara parou de limpar a arma em seu colo, nos olhou novamente e com voz autoritária perguntou: como é a saudação dos escoteiros????
Puta merda, e agora, gelamos nos olhamos e eu vi o Duiu  mais branco que casa caiada quando me deu um estalo e levantei os três dedos, olhei para o militar e disse:
- Sempre Alerta!!!!! Foi o estalo da salvação e então a figura levantou e pegou mochila, barraca, cantil, panela e um verdadeiro caminhão de bagulhos e nós espantados com aquela quantidade de coisas e a variedade de objetos retrucava dizendo a ele que só precisava das mochilas e era coisa demais e não dava prá levar e já chega e nada do cara parar e finalmente ele nos disse: depois vocês devolvem.
Saímos do Quartel tremendo, apreensivos, batendo continência até para a portaria, olhando todos os lados e à medida que nos afastávamos começávamos a gargalhar e explodir em alegria, felizes pela nossa façanha e cheios de tralhas nas costas, na cabeça e caminhamos para casa a fim de encontrar a turma (Haroldo, Carlinhos lacrau, João Novaes)  relatar o acontecido e traçar os rumos da nossa viagem que já é uma outra história.

Raimundo (Duiu)


Assim eu vi a Praça da Sé
Carnaval 2013

Assim eu vi  a Praça Tomé de Souza
Eu estava lá
Carnaval 2013 








Nos tempos da brilhantina


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