A vida passa, as lembranças ficam |
Mais
uma vez em férias na cidade natal e não dava outra a não ser caçar aventuras
com a turma de sempre formada por Carlinho (Bufão), Nanado (black Nana), meu
primo Rodolfo, Paulo (Forró), Péricles (Bostinha), Leandro (Boca de Acari) e
eu. E lá vamos nós rodando por Ibicaraí City, como sempre caçando lua e
procurando o que fazer para passar o tempo e quando já era mais tarde da noite nos
encontrávamos na rua do Trecho (o brega
local) e sentávamos na barraca de Loro comendo um churrasquinho de gato e
bebericando uma pinga da boa até altas horas procurando motivos para rir, jogar
conversa fora e inventar o que fazer para justificar o grupo.
Desta
vez o papo era a inauguração de uma Churrascaria em Floresta Azul um interior
vizinho, denominada Pau & Pedra que foi construída no capricho e seria “a
festa” do ano, com tudo do bom e melhor, comida, bebida a vontade, muita música
com a banda de Itabuna, Os Lordão, e seria algo cinematográfico que só tinha um
problema, teria que ser de paletó e gravata impreterivelmente e aí estava a
questão: como conseguir o traje a rigor para não perder essa festa; Foi então
nesse questionamento que salta o Nanado e aparece como o salvador da pátria,
pois ele tinha como conseguir os trajes para o grupo tirando do coral da Igreja
e com um agravante, pois todos eram iguais, da mesma cor marrom e tinha uma “Flor
de Liz” bordada em linha dourada no bolso. Bem!!! não deu outra e chegou o
momento do encontro como sempre na praça, todos cheirosos a Cashmere Bouquet, e esperando o Nanado para
escolhermos os paletós que chegando na praça já veio gritando que eram também
tamanho único e então não precisa falar na gozação e nas gargalhadas ao nos ver
vestidos iguais com aqueles trajes do coral e com um cheiro de mofo da zorra
além de não caber em alguns do grupo, o que nos levou a rir sem parar.
Entramos
no Jeep “Willys” azul, 1959, de capota preta, com uma folga no volante que
fazia um giro total e lá vamos nós seguindo para Floresta Azul e como não
existia Lei Seca nessa época andar de carro, lavados, era fato corriqueiro, e
fomos na viagem rindo e haja besteirol para falar até chegar à frente da
Churrascaria, parar o carro, descer e acertar os detalhes que facilitaria a
nossa entrada na festa. Nesse caso a questão era ficar separados, entrando aos
poucos e nos encontrarmos lá dentro e sem formar um grupo grande e assim foi.
Começamos timidamente entrando um por vez, Rodolfo com a namorada, eu com a
irmã, e lá dentro começamos a girar para reconhecer o ambiente e atacar os
garçons cada vez que apareciam na frente e à medida que o tempo passava a casa
enchia e chegava gente e o tempo passava e aos poucos fomos nos reencontrando
no meio do salão e quando o grupo estava reunido, alegre, feliz e gargalhadas
mil demonstrando que o álcool já começava a fazer efeito, surge uma voz no
microfone com aquele trivial Alô, Alô, boa noite a todos e abre a festa com discursos e finalizando
com palavras de agradecimento, olhando e apontando para nosso grupo pára e diz: quero agora aproveitar e convidar a grande
banda “Os Lordão” para iniciar nossa festa nos abrilhantando com a parte
dançante.
Meu
Deus... por essa ninguém esperava e o bicho pegou e a casa caiu e tudo mais que
se possa dizer e até procurar o chão para pisar e a cachaça passou na hora.
Puta merda, todos olhando para o grupo e nós sem palavras, sem ação, ficamos atônitos,
puxei a namorada e fui saindo devagarinho acompanhado de Rodolfo e o cara no
microfone nos apressava e os convidados nos olhavam na expectativa de uma entrada
triunfal e para nossa felicidade, nesse momento a verdadeira banda entra no
palco pela parte de trás para alívio do grupo que voltou a se reunir... e para
felicidade geral da nação, tudo acabou em festa e o motivo para escrever essa
lembrança maravilha vivida na juventude com esse grupo na cidade de Floresta
Azul.
Rodolfo, Solange, Rosinha |